PORQUÊ O PARLAMENTO PORTUGUÊS ESTÁ DIVIDIDO SOBRE MOÇAMBIQUE?
O Parlamento aprovou, esta sexta-feira, um projeto de resolução da Iniciativa Liberal recomendando que o Governo português não reconheça os resultados eleitorais em Moçambique:
- Entretanto, e aliás, no mínimo, é escandalosa a posição dos partidos da direita portuguesa: o PSD (centro-direita) e o CDS (direita conservadora), ao lado do PS (Partido Socialista), abstiveram-se. E, sem qualquer surpresa, claro, o Partido Comunista Português (PCP) votou imediatamente contra.
- A proposta dos liberais foi aprovada por uma coligação que juntou a maioria dos partidos com menor representação parlamentar.
- E aqui temos outra surpresa: o Bloco de Esquerda (BE) votou ao lado do CHEGA, da Iniciativa Liberal (IL) e do PAN a favor da resolução.
- Ou seja, é o BE e o PAN, ambos partidos de esquerda, a condenarem a fraude eleitoral praticada por um partido de esquerda africana, a Frelimo.
- O texto aprovado recomenda que o Governo português “não reconheça os resultados fraudulentos das eleições presidenciais, legislativas e provinciais de 9 de outubro de 2024, anunciados pela CNE e depois validados pelo Conselho Constitucional (CC)”.
- Além disso, pede que o Governo português “condene publicamente a repressão violenta contra manifestantes pacíficos, incluindo o uso de força letal e a detenção arbitrária de cidadãos”.
- Seja como for, por razões óbvias, a direita (PSD e CDS) juntou-se aos socialistas e comunistas portugueses para apoiar os comunistas moçambicanos - curioso!
- Quanto à resolução agora aprovada, também por razões óbvias, o Governo português não vai poder condenar a violência em Moçambique e tão pouco irá hesitar em reconhecer a vitória dos comunistas moçambicanos.
- A pergunta que fica é: como é que um opositor como Venâncio Mondlane pode convencer a comunidade internacional sem abrir mão do gás moçambicano?